
Negromonte entrega carta de demissão e diz que saída se deve a racha no partido e não a acusações de irregularidades
Paulo de Tarso Lyra - Júnia Gama - Correio Braziliense - 03/2/2012
Paulo de Tarso Lyra - Júnia Gama - Correio Braziliense - 03/2/2012
O último dia de Mário Negromonte como ministro das Cidades começou a ser escrito no fim de semana. A carta entregue por ele ontem à presidente Dilma Rousseff, em reunião que durou menos de meia hora, já estava pronta quando Negromonte encontrou a presidente, na segunda-feira, na assinatura da Ordem de Serviço de Revitalização da Bacia do Rio Camaçari.
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Como a demissão não foi aceita naquele momento, o ainda ministro desistiu de entregar o documento, redigido de próprio punho. Nela, o ministro atribui a saída à divisão interna do partido, o PP. Dilma desejou "boa sorte em seus novos projetos".Texto completo
Antes de deixar o cargo, Negromonte fez questão de dizer que "tem seis mandatos eletivos e que nunca respondeu a qualquer processo". À presidente, defendeu-se das acusações de que teria forjado concorrências para a realização de obras de mobilidade urbana em Mato Grosso, atribuindo-as à disputa política no próprio partido. "Eu disse a ela que não era correto expor o governo a isso", afirmou.
Ele também declarou não ver "nenhum problema" no fato de seu chefe de gabinete, Cássio Peixoto — exonerado na semana passada —, ter se encontrado com os empresários Luiz Carlos Garcia, da Poliedro Informática e o lobista Mauro César dos Santos para discutir uma licitação milionário na pasta. "A licitação não foi feita. Não podem nos acusar de nada. A presidente Dilma se reúne com o Eike Batista e o Gerdau (Jorge Gerdau Johanpetter), e isso não contamina a administração pública", disse ele ao Correio.
Como a presidente Dilma Rousseff chegou de madrugada das viagens a Cuba e ao Haiti, o encontro no Palácio do Planalto, previsto inicialmente para o começo da manhã, foi transferido para o meio da tarde. O ainda ministro aproveitou, então, para tomar café da manhã com o presidente nacional do PP e senador pelo Rio de Janeiro, Francisco Dornelles. Apesar de atribuir sua derrocada à disputa política interna no partido, garantiu ao presidente pepista que não vai atiçar a fogueira interna do PP quando retomar seu mandato na Câmara. "Eu vou descansar com a família e retomar as viagens para conversar com os prefeitos a quem sou ligado. Não vou ajudar a dividir ainda mais o partido", prometeu.
Almoços partidos
Depois do café da manhã com o senador Francisco Dornelles, Mário Negromonte ofereceu um almoço "de despedida" do cargo em seu apartamento, na 311 Sul. Por ironia, a menos de 20 metros de distância estava reunida parte da bancada do PP que patrocinou o nome de Aguinaldo Ribeiro (PB) para Cidades) — e alimentou o fogo amigo contra Negromonte.
De um lado, o cardápio foi simples e de fácil digestão: frango, refrigerante light e muita salada. "Ele quer chegar low profile ao Congresso", brincou o deputado Vilson Covatti (PP-SC). Segundo parlamentares que estiveram no encontro, Negromonte estava tranquilo e irredutível da decisão de deixar o ministério.
Todas as denúncias contra o ministro
As acusações contra Negromonte foram do uso da pasta para favorecimento de pessoas próximas até o pagamento de mensalinho em troca de apoio
Agosto de 2011
No dia 20, Negromonte foi acusado de oferecer mesada de R$ 30 mil a pelo menos três parlamentares, para tentar controlar a rebelião no PP, segundo a revista Veja.
Novembro de 2011
Denúncia veiculada no dia 18 pela revista Época acusa Negromonte de ter usado a pasta para financiar a Festa do Bode em Paulo Afonso (BA). Foram espalhados pela cidade cartazes com o nome do ministro e do filho, Mário Filho, deputado estadual.
Negromonte é acusado pelo Estado de S. Paulo, no dia 23, de pressionar servidora para fraudar parecer técnico do obras da Copa em Cuiabá, recomendando a construção de Veículo Leve sobre Trilhos em vez de uma linha rápida de ônibus, o que aumentaria os custos do empreendimento.
Janeiro de 2012
No dia 23, a Folha de S. Paulo revela que o então chefe de gabinete das Cidades, Cássio Peixoto, teria se encontrado com o lobista Mauro César dos Santos para tratar da informatização da pasta. Dois dias depois, Peixoto foi exonerado.
As acusações contra Negromonte foram do uso da pasta para favorecimento de pessoas próximas até o pagamento de mensalinho em troca de apoio
Agosto de 2011
No dia 20, Negromonte foi acusado de oferecer mesada de R$ 30 mil a pelo menos três parlamentares, para tentar controlar a rebelião no PP, segundo a revista Veja.
Novembro de 2011
Denúncia veiculada no dia 18 pela revista Época acusa Negromonte de ter usado a pasta para financiar a Festa do Bode em Paulo Afonso (BA). Foram espalhados pela cidade cartazes com o nome do ministro e do filho, Mário Filho, deputado estadual.
Negromonte é acusado pelo Estado de S. Paulo, no dia 23, de pressionar servidora para fraudar parecer técnico do obras da Copa em Cuiabá, recomendando a construção de Veículo Leve sobre Trilhos em vez de uma linha rápida de ônibus, o que aumentaria os custos do empreendimento.
Janeiro de 2012
No dia 23, a Folha de S. Paulo revela que o então chefe de gabinete das Cidades, Cássio Peixoto, teria se encontrado com o lobista Mauro César dos Santos para tratar da informatização da pasta. Dois dias depois, Peixoto foi exonerado.
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