
Por Paulo Carvalho Espíndola, Cel Reformado
Pior do que o voto secreto dos quarenta comedores de farelo foi a abstenção de seis senadores. Tratava-se de mero plebiscito entre pares. Nesse caso, abster-se, para mim, significa conchavo dos bastidores imundos da politicalha, que vive e sobrevive com os votos de brasileiros enlevados pelos cantos de sereia dessa gente.
Emblemática foi a abstenção de Aloísio Mercadante, que manifestou a sua falta de voto por não ter convicção da culpa de Renan. Ora, se não tinha, por que se absteve, ao invés de votar na absolvição? Se não tinha, por que agora defende o licenciamento do absolvido presidente do Senado? Será que não é para que assuma o vice, político do PT? Realmente não tenho agudeza para entender coisas assim. O que me parece é que existe muito mistério por trás disso tudo.
Enquanto isso, Lulla viaja pela Europa garimpando apoio para o álcool - aliás, do que gosta muito - e alheando-se neste momento importante. Espicaçado pela imprensa, entretanto, pondera que não tem nada com isso, uma vez que os três poderes da República são independentes e soberanos. Todavia, como ele explica os mensalões que enlameiam o Legislativo e as sete nomeações de ministros do STF, em um concerto de onze, o que sugere garantia de obediência e subserviência ao Executivo? Nada demais, certamente, pois que eles teriam que ser nomeados por causa da rotatividade natural do Supremo...
No fluxo e refluxo dessa maré negra, a maioria do povo brasileiro cada vez mais se emporcalhou, sem reação e aparvalhado, tão-somente interessado pelos jogos de futebol de ontem - o fatídico 12 de setembro de 2007. Afinal, o Flamengo afastou-se da zona de rebaixamento e a seleção de Dunga ganhou do poderoso México. Nada contra o meu Mengão...
Clamor? Só de uns poucos, que têm bílis injetada na corrente sanguínea, por tanta ignomínia.
Os telejornais, sem nenhum comentário, mostraram líderes da oposição, “generosamente” cumprimentando Renan Calheiros pela sua vitória.
É muito descaramento!
Um certo petista anônimo acusou-me de escrever artigos chulos. Ele deve admirar o “preparo” intelectual dos líderes do seu partido, que só lêem Trotski, Marx, Lênin, Gramsci e, até, Florestan Fernandes. Trajados de finíssimos ternos Armani, adquiridos não sei com quais dinheiros, esses representantes das “causas populares” são legítimos representantes de uma burguesia porco-capitalista a que juram odiar com sua retórica cínica.
Continuo com a minha chularia, sem comer farelo, graças a Deus.
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