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Por Maria Joseíta S Brilhante Ustra
Foi muito concorrida a sessão no Palácio do Planalto, para o lançamento do livro “Direito à Memória e a Verdade“. Estavam lá: a cúpula do governo, esquerdistas de todas a correntes – marxistas-leninistas, trotskistas, fidelistas, chavistas e, principalmente, os revanchistas de plantão.
Tal secretaria é dirigida por Paulo de Tarso Vannuchi, que possui status de ministro e foi o grande mentor do “livro-documentário”.
Paulo de Tarso Vannuchi foi preso político entre 1971 e 1976. Trabalhou na equipe que realizou, sob sigilo, o projeto de pesquisa “Brasil Nunca Mais”. Co-fundador do Instituto Cajamar, instituição de nível superior, voltada para a formação de lideranças políticas e populares ( MST e similares), ao lado de Lula, Paulo Freire, Florestan Fernandes, Antonio Cândido, Perseu Abramo e outros.
Não vimos, infelizmente, toda a cerimônia transmitida pela Net.
Perdemos o discurso de Paulo de Tarso Vannuchi e do representante dos familiares de mortos e desaparecidos.
Foram vários os discursos, alguns amenos, sem ódio, como o da senhora Elzita Santos de Santa Cruz Oliveira, que tem um filho desaparecido desde 1974 e que espera, segundo suas palavras, encontrar os restos mortais de Fernando Santa Cruz de Oliveira, para enterrá-lo condignamente. Sou mãe e me emocionei, profundamente, ao ver uma senhora de 94 anos dizer que seu sonho é antes de morrer encontrar os despojos de seu filho e enterrá-lo. Sei que seu sonho maior, acalentado por muito tempo, era que o filho voltasse vivo para casa.
Outros discursos, como o do Presidente Lula, que, por promover uma cerimônia desse tipo, no Palácio do Planalto, me pareceu não ter muita coisa a dizer.
O que me surpreendeu nessa cerimônia foi o discurso do Ministro da Defesa, Sr Nelson Jobim - arrogante, como sempre, com poses ensaiadas, que lembram um Collor mais velho - ao afirmar que “As Forças Armadas brasileiras recebem este ato como natural “.
Que sabe o senhor Nelson Jobim dos sentimentos das Forças Armadas? Será que a ausência dos três Comandantes em chefe das Forças Armadas não significa nada? Pensa ele, ao afirmar que o “Comandante das FFAA sou eu", que pela sua agressividade, seu marketing pessoal ao usar uma farda camuflada de general de quatro estrelas, ter conseguido incutir, em tão pouco tempo, na cabeça dos militares, tão espezinhados, suas idéias? Ele não conhece nem a essência do seu cargo, uma vez que o "Comandante da Forças Armadas" não é ele e, sim, o Presidente da República.
Não. Ele não está tão seguro de que os militares receberam esse ato como absolutamente natural.
Se estivesse seguro do que disse, não teria declarado, em alto e bom tom, como faz sempre, que ninguém reagiria e que “se alguém reagir, vai ter resposta”.
Criticam tanto o regime militar. Jobim, entretanto, por suas ameaças, lembrou muito o General Figueiredo, que disse, quando Presidente da República, para quem fosse contra a abertura democrática : Eu prendo e arrebento.
Para quem não sabe ou não se lembra, o General Figueiredo foi quem assinou a Lei da Anistia.
Pelo visto, Nélson Jobim, além de ter-se apossado da condição de "Comandante", parece ter ambições maiores...
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