Brasil - Farc
Os e-mails que comprometem Raúl Reyes, e o ex-padre Olivério Medina (à dir):
diálogos reveladores. Fotos Eliana Aponte/
Reuters e Roger Meireles
Arquivos apreendidos com a guerrilha mostram que a relação do PT com as Farc é maior do que se sabia – e pode ter chegado ao governo
Alexandre Oltramari
(...)Na semana passada, a revista colombiana Cambio publicou uma reportagem com base nos dados resgatados do computador de Reyes, mostrando que também no Brasil os tentáculos são tão grandes quanto já se suspeitava. É conhecida a histórica afinidade ideológica dos radicais do PT – felizmente, uma minoria – com o grupo terrorista.
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As novas evidências sobre esses laços clandestinos estão reunidas em 85 mensagens eletrônicas trocadas por representantes das Farc entre 1999 e 2008. Apreendidos nos computadores de Reyes, os arquivos chegaram às mãos do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e foram objeto de uma conversa mantida pelo presidente brasileiro com seu colega Álvaro Uribe na visita que Lula fez à Colômbia, há duas semanas.Embora nenhuma das mensagens divulgadas até agora tenha como interlocutor alguém do PT ou do governo, existem diversas referências a membros do partido e do governo brasileiro. A correspondência sugere vínculos das Farc com parlamentares, dirigentes petistas, cinco ministros e ex-ministros e três assessores pessoais do presidente Lula. As referências, em sua ampla maioria, revelam apenas tentativas de aproximação com o governo por meio de dirigentes e parlamentares petistas. Não haveria, portanto, nada que pudesse levar à conclusão de que há ou havia entre eles uma relação mais estreita. O problema é que, ao se verificarem alguns dos assuntos tratados, percebe-se que as ações de interesse dos narcoguerrilheiros foram bem-sucedidas – parte delas com apoio, segundo os relatos, de pessoas influentes do governo.(...)
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José Dirceu - Ueslei Marcelino/Folha Imagem |
Em março de 2005, três meses antes do encontro de Havana, VEJA publicou uma reportagem revelando que agentes da Abin monitoraram uma reunião política comandada por Olivério Medina em uma chácara nos arredores de Brasília. Segundo o relato dos espiões do governo, que se infiltraram no encontro, além do padre, compareceram cerca de trinta pessoas, entre militantes petistas de Brasília e representantes de uma tal corrente Luís Carlos Prestes. Era 13 de abril de 2002. Em frente a uma bandeira das Farc, os convidados cantaram o hino da guerrilha, gritaram algumas palavras de ordem e, depois, sentaram-se e passaram a discutir as eleições presidenciais. Medina revelou que os guerrilheiros doariam 5 milhões de dólares à campanha de Lula. Os detalhes da reunião, incluindo a promessa da doação milionária, foram registrados em um documento da agência, classificado como secreto. A Abin não conseguiu descobrir se a promessa foi cumprida. Na época, Medina circulava tranqüilamente por Brasília, participava de reuniões políticas e arregimentava simpatizantes para a organização. Era conhecido como o embaixador das Farc no Brasil.(...)
(...) Apesar de o governo ter supostamente garantido a "presença discreta" de Medina no país – muito provavelmente devido à repercussão do caso da doação milionária –, em agosto de 2005 o padre foi preso pela Polícia Federal, a pedido da Justiça colombiana, sob acusações de terrorismo, assassinato, seqüestro e extorsão. Dois anos depois, contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou seu pedido de extradição graças a uma decisão do governo que, um ano antes, concedeu a Medina a condição de refugiado político. Outra vez as mensagens apreendidas indicam que o governo e o PT estavam mesmo empenhados em proteger o terrorista. Em janeiro de 2007, o próprio Medina informa a Raúl Reyes que conseguiu um emprego no governo para a mulher, Angela Slongo. "Para evitar que a direita em algum momento a importune, deixaram-na na Secretaria de Pesca, trabalhando no que chamam um cargo de confiança ligado à Presidência da República."
O correio eletrônico do ex-número 2 das Farc ainda revela contatos da organização com o chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e com o ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores. Em nota, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, negou qualquer relação entre o governo brasileiro e os narcoterroristas.(...)
Paulo Vannuchi - Elza Fiúza/ABR |
Leia reportagem completa em : http://veja.abril.com.br/060808/p_060.shtml
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