
Ontem, Jobim pediu, via AGU, que o coronel da reserva do Exército Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, seja ouvido em juízo para tentar "trazer novos elementos" às investigações.
Curió foi um dos militares mais atuantes na repressão à guerrilha do Araguaia e, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", tem documentos pessoais sobre a execução de pelo menos 41 guerrilheiros que estavam presos, sob custódia do Estado brasileiro.
O ministro disse que será feita uma "varredura completa" em quatro pontos prioritários da área, usando equipamentos sofisticados, peritos civis e logística militar, da Força Aérea Brasileira e do Exército. Os mapas e o planejamento foram mostrados por ele ao presidente Lula, que aprovou.
Jobim disse também que conversou com o secretário especial de Direitos Humanos da Presidência, Paulo Vannuchi, sobre o novo grupo de trabalho. Apesar disso, o presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antonio Barbosa, reclamou em nota que o grupo da Defesa causou "profundo constrangimento" à comissão, "por invadir sua área de competência legal".
Para Jobim, "não há nenhum conflito entre as duas coisas [a comissão e o novo grupo de trabalho]". Ao lembrar que foi um dos criadores da comissão hoje presidida por Barbosa, quando foi ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, Jobim disse que ela "tem funções genéricas", mas cabe à Defesa cumprir determinação da AGU e cumprir a ordem judicial de procurar os mortos.
E se não aparecerem corpos nem revelações e choverem críticas ao trabalho? Resposta de Jobim: "Faz parte do jogo".
Falta de apoio
Presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos de junho a outubro de 2004, o criminalista João Luiz Duboc Pinaud disse que nunca sentiu intenção real do governo do presidente Lula em buscar os corpos dos guerrilheiros e identificar as ossadas recolhidas desde 1991 na região do Araguaia.
Ele disse que, à frente da comissão, propôs à Secretaria Especial de Direitos Humanos, então chefiada pelo ministro Nilmário Miranda, a montagem de um grupo de especialistas civis para ir ao Araguaia, mas nunca teve resposta. A comissão é vinculada à secretaria.
"Não vi à época interesse em apoiar a comissão. Nunca senti apoio. Havia mobilização da sociedade civil, se o governo se empenhasse...", lamentou.
O advogado afirmou que nunca conseguiu falar com Lula sobre a questão nem com os ministros da Justiça e da Defesa. Sobre a identificação de ossadas, o advogado afirma nunca ter recebido qualquer orientação por parte do governo.
FRASES
"Não sei [se corpos serão encontrados]. Vamos ver. Eu sei é que tenho de fazer o trabalho"
"Nós estamos fazendo um trabalho sério, com procedimentos judiciais, coisa que eu sei fazer, é um assunto que eu conheço muito bem"
NELSON JOBIM
Ministro da Defesa
Comments powered by CComment