Aguilar e Farfán eram responsáveis por cuidar dos reféns

Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) acusaram de "traição" os carcereiros da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e de mais 14 reféns que foram resgatados pelo exército da Colômbia na semana passada.

 

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Gerardo Antonio Aguilar, conhecido como "César", e Alexander Farfán, apelidado de "Gafas” ou "Enrique", vigiavam o cativeiro dos reféns na selva colombiana e foram presos pelo Exército colombiano na ação militar de resgate.

"A fuga dos 15 prisioneiros de guerra (...) foi conseqüência direta da depreciável conduta de César e Enrique, que traíram seu compromisso revolucionário e a confiança neles depositada", afirma o comunicado assinado pelo Secretariado do Estado Maior das Farc.

Apesar de falar de traição, a carta da guerrilha não faz menção ao pagamento de recompensa para os dois integrantes da guerrilha. Segundo uma das versões para o resgate, não confirmada, eles teriam recebido até US$ 20 milhões (mais de R$ 30 milhões) para liberar os reféns.

O governo da Colômbia nega o pagamento de qualquer quantia e afirma que os guerrilheiros foram enganados pelo Exército colombiano.

Ameaça

Na primeira comunicação das Farc desde o resgate, as Farc mandaram um alerta ao presidente colombiano Álvaro Uribe ao afirmarem que governo colombiano terá de assumir "as consequências" se insistirem com a política de resgate militar dos reféns que ainda estão em poder do grupo armado.

"Se persistir o resgate como única via, o governo deve assumir todas as consequências de sua temerária e aventureira decisão", diz o comunicado.

Até a libertação de Betancourt e dos demais reféns, os resgates militares eram duramente criticados por familiares e parte da opinião pública colombiana por representar um grande risco para os reféns.

O comunicado da guerrilha foi divulgado no mesmo dia em que os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e da Venezuela, Hugo Chávez, se reúnem na Venezuela em uma primeira aproximação depois da crise diplomática que se arrastou durante oito meses entre os dois países e que teve como começo as negociações com a guerrilha para um acordo humanitário.

No documento, datado do dia 5 de julho, as Farc afirmam que apesar do "episódio" de resgate, mantêm a intenção de negociar o acordo que prevê a libertação de seqüestrados em troca de guerrilheiros presos.

"Inerente a qualquer confrontação política e militar, em que se apresentam vitórias e reveses, mantemos vigente nossa política por concretizar acordos humanitários que alcancem o intercâmbio (de reféns por guerrilheiros) e, além disso, protejam a população civil dos efeitos do conflito."

A guerrilha afirma que a paz para a Colômbia "deve ser resultado de acordos que beneficiem a maioria. Não deve ser a paz de sepulcros sustentada sobre a corrupção, o terror de Estado, deslealdade e a traição", diz o comunicado.

De acordo com a versão do governo colombiano, os militares do país interceptaram as mensagens de César com o membro do secretariado Mono Jojoy. Fazendo-se passar por Mono Jojoy, os agentes teriam dado instruções ao carcereiro para agrupar os 15 reféns, que estavam separados em três grupos diferentes.

Logo depois, o governo colombiano armou uma encenação simulando que os reféns seriam entregues a uma missão humanitária internacional, similar à realizada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para o resgate de seis reféns que as FARC entregaram unilateralmente no início deste ano.

O governo dos EUA pediu à Bogotá a extradição de César e Enrique para serem julgados pelos tribunais americanos pelo crime de seqüestro dos três contratistas norte-americanos e por tráfico de armas.

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