- Essa mesma primeira turma, em caso conexo, já declarou a suspeição do mesmo magistrado. E declarou numa causa conexa à presente, que eu diria ser a causa mãe. E esta é causa filha - disse o advogado. - Se esta egrégia turma declarou o juiz suspeito em causa conexa, o caminho natural é a extensão dos efeitos para o presente caso. Ou o juiz é competente para julgar todas as ações ou não é competente para julgar nenhuma delas.
O Ministério Público defendeu a rejeição do recurso de Arruda, lembrando que a decisão de Ciarlini foi confirmada depois pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Foi a condenação pelo TJDFT, um órgão colegiado, que permitiu barrar a candidatura de Arruda por meio da Lei da Ficha Limpa.
O presidente da Primeira Turma e relator do caso, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho, começou o seu voto dizendo que não iria julgar se Arruda é culpado ou inocente. Depois, ele afirmou entender que faltou isenção a Ciarlini para julgar o caso. Para Napoleão, ele deveria ter suspendido a tramitação do processo ao ter sua suspeição levantada pela defesa.
- Não vamos afirmar aqui que ele é culpado ou inocente. Esse recurso trata somente ou só da alegação de suspeição do magistrado - afirmou Napoleão, que ainda disse:
- Esse processo não tem nenhuma particularidade notável, se não se tratasse de alguém notório e que está em disputa pela governança do DF. Não fosse isso, não teria nenhuma importância. É uma questão trivial de suspeição de juiz.
O ministro do STJ é o mesmo que já concedeu uma liminar suspendendo o julgamento do TJDFT que confirmaria a decisão de Ciarlini e, com isso, viria a tornar Arruda ficha suja. O julgamento só ocorreu porque o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa cassou a liminar de Napoleão.
Os ministros Benedito Gonçalves, Regina Helena Costa e Sérgio Kukina discordaram do colega e entenderam que Ciarlini não deveria ser considerado suspeito.
- O juiz não foi ouvido. Como vou dizer que ele é suspeito se ele não teve oportunidade de falar? Onde está o contraditório? - questionou Regina Helena.
- Ele não demonstrou ter agido, ter tido um comportamento arbitrário - afirmou Kukina.
MAIS RECURSOS
O advogado José Eduardo Alckmin, que representa Arruda, destacou que há outros recursos possíveis para tentar reverter a condenação. Um deles, já apresentado no próprio STJ, é contra a decisão do TJDF que condenou Arruda. Em entrevista após o fim da sessão, ele ironizou os candidatos adversários de Arruda na disputa eleitoral.
- Eu acho que os candidatos deveriam estar mais preocupados em buscar votos na população do que votos em tribunal - ironizou o advogado
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